Por Marinna Protasiewytch
JANEIRO
2020 foi um ano atípico, mas vale lembrar que ele não começou assim. Com a tradicional queima de fogos do litoral, Guaratuba reuniu mais de 2,5 milhões de pessoas na virada, que presenciaram o maior show pirotécnico na costa paranaense até então, com 15 minutos de céu colorido. Tanta alegria se misturou com as programações musicais do verão, como a do artista Jerry Smith que reuniu cerca de 20 mil fãs para acompanharem a batida do funk no Centro de Eventos da Rotatória de Matinhos. Mas, o pior pesadelo da humanidade já rondava Paranaguá, e as empresas portuárias recebiam alerta sobre um tal de coronavírus, que havia surgido na China.
FEVEREIRO
Único time do litoral, representando a população parnanguara, o Rio Branco SC estreou com o pé direito no campeonato Paranaense e engatou algumas vitórias consecutivas. Resultado que, posteriormente, daria uma chance de concorrer à vaga da Série D. Depois veio um carnaval muito animado, com desfiles das escolas de samba por todo o litoral. A pandemia já assombrava o Brasil, mas ela não parou as festividades. No balanço do governador Carlos Massa Ratinho Junior, uma diminuição da criminalidade em 33%, durante a temporada de verão, e mais de 257 mil veranistas foram impactados com as atividades esportivas do Verão Maior.

MARÇO
Guaraqueçaba comemorou seus 475 anos, em março, com festa durante cinco dias, apresentando shows de artistas nacionais, como Pedro Paulo e Alex e a cantora Fernanda Liz. Entretanto, nem tudo foram comemorações, pois no dia 17 deste mês, presos se rebelaram após uma operação interna na Cadeia Pública de Paranaguá, que confiscou celulares e acabou com um plano de fuga. O motim durou apenas algumas horas e foi controlado pelo grupo da Seção de Operações Especiais (SOE), que encerrou o problema sem fugas ou feridos.
Um dia depois, a prefeitura de Matinhos anunciou a suspensão das aulas e de eventos com mais de 15 pessoas. O coronavírus havia chegado ao Paraná e os decretos de lockdown começaram a surgir. No dia 24, prefeitos dos municípios do litoral suspenderam todas as atividades não essenciais. Dia 30 de março, o primeiro caso da doença chegou ao litoral, após um jovem de 28 anos voltar de uma viagem ao exterior.
ABRIL
Projeto da ponte de Guaratuba começou a caminhar e empresas se interessaram por estudos de viabilidade da construção. Mas a Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Paranaguá (ACIAP) já anunciava uma desaceleração no mercado de trabalho, por conta da pandemia, e cerca de cinco mil postos poderiam ser fechados.
Ainda em luta para contribuir com a saúde pública, comunidade portuária fez ações e arrecadou R$ 2,5 milhões destinados ao Hospital Regional do Litoral para a compra de equipamentos. Parnanguaras adotam algumas opções para sobreviver à crise e se reinventam utilizando a internet, aulas remotas, fotografia via Skype e venda de máscaras. Em meio à pandemia, ainda teve a comemoração de 249 anos de Guaratuba, mas com programação online e a prefeitura determina a utilização obrigatória de máscaras em espaços públicos.
MAIO
Alunos da rede pública de ensino começam a assistir aulas pelos canais de TV aberta, internet e materiais de apoio, enquanto escolas continuam fechadas. No dia 5 de maio, Paranaguá entra em estado de epidemia para a dengue com 248 casos da doença e uma proporção de 300 para cada 100 mil habitantes. Dia das Mães é comemorado com drive-thrus e reuniões familiares intimistas, sem aglomeração.
JUNHO
Seis meses se passaram e uma pandemia se instalou no mundo inteiro. A expressão “novo normal” começou a ser utilizada como sinônimo daquilo que se começaria a viver. No entanto, com a tradicional festa da tainha cancelada, pescadores tiveram que baixar os preços para sobreviver e as comunidades pesqueiras começam a sentir o impacto socioeconômico da pandemia.
Neste mês, também ocorreu a conclusão da obra de restauro da Estação Ferroviária de Paranaguá, que havia começado em 2017, onde foram gastos mais de R$ 2,2 milhões, de acordo com a prefeitura. Além disso, Matinhos comemorou seus 53 anos de existência, como município, com lives de autoridades. E no fim do mês, o jornalista Oswaldo Eustáquio Filho, colunista do Portal Agora Paraná, era alvo do inquérito de atos antidemocráticos e pró-Bolsonaro, quando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou a sua prisão pela Polícia Federal.
JULHO
A retomada do futebol no Paraná aconteceu e o Rio Branco precisou emprestar o estádio do Operário para enfrentar o Cascavel F.C., já que a Estradinha não estava apta a atender os protocolos sanitários de saúde e prevenção do novo coronavírus e um decreto estadual impedia a realização de jogos em Paranaguá. Já na área ambiental, um ciclone bomba afetou o litoral, principalmente com desabamentos em Morretes e Pontal do Paraná, nenhuma pessoa morreu durante a passagem do fenômeno, mas apagões foram registrados em Paranaguá e nas operações portuárias.
No dia 6 de julho, novas restrições, comércios fechados e o termo “quarentena restritiva” passou a ser utilizado por prefeitos em decretos municipais para impedir a circulação de pessoas nas ruas. Prefeituras intensificam a vacinação para a gripe e a baixa taxa de cobertura esbarra no medo do novo coronavírus, segundo a SESA. E como esforço para não perder vidas, o prefeito Marcelo Roque (Podemos) distribuiu, gratuitamente, Ivermectina para a população.

AGOSTO
Depois de mais de 15 anos, moradores de Antonina comemoraram uma nova fase do sistema de abastecimento da cidade, que segundo a SAMAE será permanente. Nas regiões mais altas, o fornecimento de água era interrompido entre 21h e 5h, e a população acabava sem água, mas com a implantação da nova adutora e novos dispositivos a falta de água acabou, garantiu o prefeito Zé Paulo.
Outra novidade, que pegou todos de surpresa, foi a gravação de um comercial nacional com a empresa Havaianas na Ilha dos Valadares, onde Elza Leão Olsen e Leonardo Machado Pereira foram procurados pela agência publicitária e estrelaram na produção.

SETEMBRO
Com a maior estiagem vivida no Paraná, desde o início das medições, Paranaguá, também, passou a sofrer com a falta de água. Neste mês, a Iguá Saneamento comunicou a implantação de um sistema de rodízio de fornecimento, para conseguir atender toda a população.
Já em Antonina, uma novidade chamou a atenção do município para o turismo, novamente, a Maria Fumaça voltou a circular na região, com passeios para os turistas. Previstos para os sábados e domingos, as lotações-teste começaram a sair ainda em setembro, com 50% da capacidade total.
Mas o tradicional Festival de Inverno da UFPR precisou mudar seus planos. Responsável por trazer centenas de visitantes à cidade, a atração foi realizada online em virtude da pandemia, com programação para todos os gostos.

OUTUBRO
Em Antonina o mês marcou um dos atentados mais chocantes do ano. O secretário de Planejamento e Obras de Antonina, Luiz Antonio Carvalho, foi atropelado depois de uma discussão com um candidato a vereador da cidade. O suspeito foi o Sargento do Corpo de Bombeiros, Argeu da Costa Freire, que fugiu do local. O ocorrido continua sendo investigado e o secretário passa bem.
Depois foi a vez de Pontal do Paraná ganhar destaque, mas não positivamente. Isso porque o então candidato a prefeito e proprietário do Porto Pontal Paraná, João Carlos Ribeiro, passou a ser investigado pela Polícia Federal por um possível esquema de corrupção para a liberação das licenças ambientais do porto. Junto com ele, ninguém menos que o ex-presidente da república, Fernando Collor. A operação Quinto Ato cumpriu buscas em 12 locais e agora a PF segue investigando o caso. Por conta disso, João Carlos Ribeiro retirou sua candidatura à prefeitura da cidade.
Neste mesmo mês, a polêmica envolvendo as escolas cívico-militares chegou ao litoral. Oito estavam sob consulta e vão adotar o modelo que prioriza a interferência de militares na educação das crianças.

NOVEMBRO
Campanhas eleitorais acontecem a todo vapor e, por conta da pandemia, os comícios são proibidos, mas políticos abusam de carreatas e das redes sociais para divulgar suas propostas. Em meio aos rastros políticos, Antonina comemorou seus 223 anos, com algumas programações online e sem o tradicional desfile cívico a cidade fez questão de ressaltar a comemoração. A história das duas famílias que trabalham com as balas de banana no município foi contada pelo JB.
Outro evento, que acabou sendo por meio remoto, foi a tradicional festa do Santuário Estadual de Nossa Senhora do Rocio, por isso a 207ª edição da Festa, em Louvor à Padroeira do Paraná, contou com uma procissão em forma de carretada, para evitar aglomerações e a propagação do coronavírus.
No dia 15, as eleições municipais ocorrem com tranquilidade em quase todas as cidades do litoral, mas Paranaguá registra confusão com mudança de sessões e alta desistência de eleitores. Já Matinhos tem secretários da prefeitura flagrados em suposto esquema de compra de votos. Além disso, a Polícia Federal desceu a serra, mais uma vez, e deflagrou a operação Enterprise, cumprindo mais de 200 mandados de prisão, busca e apreensão. Essa foi a maior operação do ano contra o tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro. Bens avaliados em R$ 400 milhões foram sequestrados pela Justiça e mandados também foram cumpridos na Espanha, Colômbia, Portugal e Emirados Árabes Unidos.

DEZEMBRO
A tradicional venda de caranguejo passa a ser liberada no litoral paranaense e, com isso, consumidores e catadores começam a movimentar o mercado local. As festas, que promovem a oferta de pratos com a iguaria, são canceladas por decretos municipais e estaduais em razão da pandemia do coronavírus.
As cerimônias de diplomação dos candidatos eleitos também aconteceram, mas de maneira virtual e em alguns municípios com a execução presencial, mas seguindo os protocolos de saúde de prevenção a COVID-19. Zé da Ecler e Marcelo Roque venceram batalhas judiciais e conseguiram manter a candidatura e, posteriormente, a posse como prefeitos eleitos de Matinhos e Paranaguá, respectivamente.

Mas o ano de 2020 deverá acabar bem menos animado do que como começou. A pandemia não acabou, as restrições continuam sendo necessárias e, por isso, aliado ao fato de que a arrecadação do governo diminuiu durante a crise econômica vivida por conta deste vírus, as queimas de fogos, tradicionais no litoral, não acontecerão. Será um encerramento de ano mais silencioso, talvez de reflexão, por tudo o que passamos e o que pode estar por vir em 2021.